domingo, janeiro 31, 2016

Primeiro jogo: entre boas impressões e 'alertas'

Recém chegado ao clube, Ciro marcou 3 gols em sua estreia oficial no Remo. Foto: Divulgação/Clube do Remo

Cinco caras novas. João Victor, Michel, Arthur, Marco Goiano e Ciro. Arthur foi quem mais sentiu a falta de ritmo de jogo e entrosamento. Marco Goiano só foi vencido pelo cansaço. Mas foi Ciro quem mais se destacou, dono de três dos cinco gols remistas sobre o valente Águia, que logo aos 3 minutos surpreendeu o Remo com Valdanes, que livre de marcação aproveitou cruzamento vindo da direita.

Aliás, a defesa remista merecerá atenção especial do técnico Leston Junior. Durante o todo o jogo o setor esteve exposto aos contra-ataques sempre perigosos do time de Marabá. Isso se deu devido as subidas dos laterais e a lacuna que existia no primeiro tempo entre o meio campo e o ataque, uma vez que Eduardo Ramos se manteve mais adiantado, bem mais próximo aos atacantes que de costume. Esse problema foi, inicialmente, corrigido somente quando os volantes subiram a linha de marcação, já em meados da etapa inicial, se aproximando do ataque e freando as investidas do Águia.

No segundo tempo, no entanto, Leston colocou em campo Léo Paraíba no lugar de Arthur, um atacante no lugar de um volante. Novamente a defesa foi exposta, mas dessa vez também o meio, uma vez que havia um marcador a menos para evitar os contra-ataques antes que a bola atravessasse o campo de ataque remista.

ER10 foi o melhor jogador da partida. Criou, 
fez gol e ainda reviveu bons tempos ao lado 
de Ciro. Foto: Diário Pará
A contrapartida se deu no ataque. Desde o inicio de jogo o Remo pressionou o Águia, sem mandando ao ataque pelas laterias, especialmente pela direita, explorando os lançamentos ou troca de passes, a partir de Eduardo Ramos na boca da area até achar Ciro e Marco Goiano ou, ainda, a partir de Goiano achando Ramos e Ciro. As finalizações, no entanto, se perderam em sua maioria pela linha de fundo, tendo Bruno Colaço feito 2 ou 3 defesas, no máximo.

E assim, já por volta dos 35 minutos do primeiro tempo, o empate remista só viria em um pênalti mal assinalado por Dewson Freitas, que Eduardo Ramos converteu. O 'duelo' bola na mão versus mão na bola ainda teria um novo episódio e mais um erro cometido pelo árbitro da partida no segundo tempo, dessa vez em favor do Águia, que Flamel converteu. Nessa altura, porém, o Remo já vencia por 4 a 2. 

A dúvida sobre como funcionaria o meio de campo quando Léo Paraíba entrou no lugar de Arthur foi sanada já nos primeiros minutos. Eduardo Ramos recuou jogando mais centralizado ora mais próximo a Chico, ora mais perto a Marco Goiano, deixando a frente Paraíba e Ciro.

Aos 12 minutos o placar marcava 3 a 1. Leston só mexeria no time novamente aos 28 minutos quando o Águia apertou o placar e sacou Goiano colocando o volante Alisson. Era claramente uma tentativa de proteger o setor defensivo. 

Logo em seguida, Ciro marcaria seu terceiro gol no jogo, o quinto do leão azulino em tabela com Eduardo Ramos, o que já havia ocorrido no segundo tento marcado pelo atacante, relembrando a dobradinha que a dupla fez no Sport Recife em 2010. O atacante, que nem jogaria no Remo dependesse apenas da vontade de seus empresários, quase marcou mais um e terminou o jogo se arrastando em campo devido a câimbras.

5 a 3. Remo termina a primeira rodada na liderança do grupo A1 da Taça Cidade de Belém. Termina a primeira rodada deixando uma boa impressão, especialmente, no ataque e a necessidade de se proteger melhor. Encerra a primeira partida com a impressão de que acertou nas contratações que fez. Mas é apenas o primeiro jogo oficial do ano, a caminhada é o longa, a serie C do Brasileirão só começa daqui alguns meses e como bom mineiro Leston Junior sabe que cautela e canja de galinha não se dispensam.

Veja os gols da vitória do Remo sobre o Águia na estreia do Parazão 2016

segunda-feira, agosto 31, 2015

O fantástico mundo de Gilvan

Em coletiva, presidente do Cruzeiro diz não saber onde errou para que time estivesse na situação em que se encontra, próximo da zona de rebaixamento do Brasileirão. Foto: Washington Alves/Divulgação Cruzeiro

"Onde que a diretoria errou?"

Assim como o jovem Bobby, personagem principal do desenho animado "O fantástico mundo de Bobby", que fantasiava um mundo a parte de sua realidade a bordo de um triciclo, o presidente do Cruzeiro parece enxergar mundo a parte quando analisa o próprio trabalho a frente do do clube celeste, em especial nesta temporada.

A entrevista coletiva que culminou com anuncio de mudanças no futebol do clube no final da tarde desta segunda-feira não deixam dúvidas disso. 

Gilvan culpou a torcida, a imprensa e o mercado pelo momento do clube, 16º colocado do campeonato Brasileiro, uma posição acima da zona de rebaixamento da competição. Só não reconheceu os próprios erros, nem mesmo quando anunciava a saída de Vanderlei Luxemburgo, o segundo técnico por ele demitido no ano, quando explicava que, apesar de achar que não era o momento para demissão do treinador, de pior campanha nos últimos 10 anos no Cruzeiro, cedia a pressão da torcida e parte da imprensa.

Luxemburgo deixa o clube menos de 3 meses após sua chegada. Junto com o técnico também sai o diretor de futebol, Isais Tinoco, que havia chegado a 38 dias, contratado que foi para planejar o ano de 2016 do clube, após o Cruzeiro ficar por 7 meses sem um titular no cargo desde a ida de Alexandre Mattos para o Palmeiras.

Em seguida anunciou que Bruno Vicintin assumirá a vice presidência de futebol do clube, mas já adiantou que o ex funcionário da base do clube, não poderá estar a disposição em tempo integral, devido a uma atividade paralela.

Ora, nestas 3 ações Gilvan já responderia a si próprio.

Mas os 'erros' que levaram o Cruzeiro a situação em que se encontra começaram ainda no passado quando o clube manteve em seu quadro, por um mês, um diretor de futebol já comprometido com outro clube, num momento em que todos os demais já se incumbiam de planejar a temporada seguinte.

Pior, o clube ficou por sete meses sem alguém especifico para exercer a função que acabou dividida entre o proprio presidente, Benicy Queiroz e Valdir Barbosa e, por vezes, criou ruídos por ter 'muita gente' a frente da tomada de decisões sem fazê-la de fato, como quando 'anunciou' jogadores que nunca chegaram como Robinho, Valdívia e Cícero, por exemplo.

O desmanche do time, é  nesse ponto que a lucidez parece retornar ao presidente do Cruzeiro. Gilvan, de fato, não tinha poder para manter o elenco que acabara de ganhar, pela segunda vez, o titulo do Brasileirão, uma vez que os jogadores não pertenciam apenas ao clube que, em sua maioria, tinha a menor porcentagem nos direitos econômicos desses.

A saída de Goulart, Everton Ribeiro, Lucas Silva, Egídio e cia não podem ser postas na conta do presidente, mas a 'barca' por ele contratada sim. E, pior, a demissão de Marcelo Oliveira, sem o tempo suficiente para trabalhar o time que ainda se montava, é culpa de quem se não da diretoria por ele encabeçada?

Verdade seja dita, quando Marcelo caiu, havia contra si rejeição por parte da torcida celeste. Mas não é obrigação da diretoria filtrar essa pressão e analisar o que foi feito e o que poderia ser feito, especialmente, após o treinador não poder aproveitar o tempo de pré-temporada para trabalhar e formatar um time que se desmanchava com o tempo?

Era, mas não foi o que ocorreu.

E quando parecia que nada podia piorar, Gilvan optou por Vanderlei Luxemburgo que, há uma década, não consegue fazer um trabalho minimamente consistente.

Foram nestes pontos que falhara o presidente e sua diretoria e as perspectivas diante do que se fez não falharam: a bola puniu. Após duas temporadas vitoriosas o Cruzeiro claudica. Não encanta. Não brigou por um único título na temporada  (caiu nas semi do Mineiro, nas quartas da Libertadores e nas oitavas da Copa do Brasil) e se vê, após 4 anos, assombrado por um velho fantasma, a zona de rebaixamento do Brasileirão.

E agora, Gilvan?

Desistir? Não, não é disso que precisa o Cruzeiro, nem alguém com a história já construída no clube (é bom que se tenha claro, os erros não apagam o que se fez certo), por mais que tal hesitação seja compreensível diante de um momento de pressão e desrespeito, como já ocorrido, lamentavelmente, contra a pessoa do presidente.

O momento requer uma pitada de autocrítica, de realidade e não de fantasia, transferência de responsabilidade, tão pouco é momento para saudosismo - vide Vanderlei. 

E por saudosismo, o blogueiro se refere a Adilson Batista. Ele é o preferido de parte da torcida, é verdade, a mesma que criticava Luxemburgo e o chamava de ultrapassado pelos fracassos consecutivos, mas que é incapaz de visualizar, com clareza, a trajetória do 'Senhor papa clássico'. Desde que que saiu do Cruzeiro, há 5 anos, Batista coleciona sucessivos tropeços, com tenebrosas passagens por Santos, Corinthians, São Paulo, Figueirense, Joinville, etc.

Quem contratar então? Não sei. Mas Adilson - considerando apenas seus últimos trabalhos e o momento do time, nada pessoal, que fique claro - seria mudar mantendo tudo como está. Um erro, mais um, que o Cruzeiro não pode se dar o direito, novamente.

domingo, fevereiro 01, 2015

A primeira (má) impressão

Pobre de marré, marré, marré.

O primeiro jogo oficial do Inter na temporada não deixou uma boa impressão. A parte física e o ritmo de jogo talvez explique o que não se pode desculpar com entrosamento. Afinal, apenas Léo e Nilton não eram remanescente do time que encerrara a temporada passada.

Réver e Vitinho não puderam estrear pois o registro no BID não saiu a tempo. Paulão e Ernando formaram a zaga. Rafael Moura era a outra 'novidade' do time que enfrentara o Lajeadense, devido ao desconforto muscular que tirou Nilmar do jogo que, além de ser a estréia de ambos no Gauchão, também valia a taça da Recopa Gaucha.

Nos primeiros quarenta e cinco minutos o que de melhor se viu foi um lance que nada valeu. Bola lançada à área, cabeceada de Ernando e bola se perdendo a linha de fundo, triscando a trave. O impedimento, no entanto, já havia sido assinalado.

Além disso, notou superioridade colorada na posse de bola, 63%, trocas de bola sem objetividade e longos lançamento que frustavam as tentativas de chegada ao gol alvi-azul. Fugindo ao padrões tupiniquins - que este blogueiro acha uma grande bobagem - Diego Aguirre observou mais que gesticulou, ou apontou caminhos para o time do banco de reservas.

O Lajeadense, por sua vez,  fechava a área e tentava buscar contra-ataques sem levar perigo a meta de Alisson.

A segunda etapa não seria tão diferente da anterior, exceto pelos gols e a expulsão de Léo. O lateral fez pênalti em Gilmar ao empurrar o atacante alvi-azul na área, aos 55 segundos. O próprio Gilmar bateu e abriu o placar para o Lajeadense.

Apesar do 'ambiente favorável', o time da casa não tirou proveito da superioridade numérica. Manteve o posicionamento defensivo e a aposta em contra-ataques.

De cabeça, Ernando (à diretira) venceu a defesa do Lajeadense para marcar o gol de empate Colorado. Foto: Divulgação/ S.C.Internacional.

A resposta colorada, que havia feito a recomposição da defesa com a entrada de Winck no lugar de Alex, veio numa tabela de Paulão e Ernando após cobrança de escanteio. De meia bicicleta o camisa 25 impediu que a bola se perdesse a linha de fundo e Ernando completou de cabeça, 1x1.

Depois disso viu-se um chute despretensioso de Paulo Josué que Alisson defendeu e um chute cruzado de Sasha que passou rente a trave de Luiz Müller. O Inter continuava a reter a bola, mas não conseguia criar chances reais de gol.

Novamente, o lance de maior perigo seria em uma jogada invalidada. Após cobrança de falta, em cabeceada certeira, Gilmar obrigou Alisson a fazer grande defesa, mas o impedimento já havia sido apontado pela arbitragem.

É possível que um torcedor desavisado pudesse pensar estar vendo a reprise de um jogo do ano passado, do Inter de Abel Braga. Em campo, até o apito final, repetia-se a mesma cena da temporada anterior, do time que parece não saber ao certo o que fazer quando têm a bola. 

A previsível entrada de Valdívia era só mais um um capitulo do obvio ululante, e pouco acrescentou.

Luis Muller (ao centro, carregando a taça) defendeu dois penaltis e foi decisivo na conquista da Recopa Gaúcha. Foto: Jefferson Botega/Zero Hora

O que já não agradara tornou-se ainda mais indigesto quando ao final da peleja definiria-se nos pênaltis o campeão da Recopa Gaúcha - Inter e Lajeadense garantiram 1 ponto, cada, pelo Gauchão. Assim como no ano passado, quando fora vencido ainda no tempo normal para o Pelotas, o Inter acabou derrotado, 3x1, pelo anfitrião de Lajeado, campeão da Recopa.

A sequência de 'coincidências' pode suscitar desconfiança no torcedor Colorado: "Começando como começou, terminará com a comemoração da vaga a Libertadores?"

Prematuro, no entanto, seria fazer prever qualquer coisa do tipo para um lado ou outro, em cima apenas de uma partida, mal jogada é verdade, que pode não ter agradado àquele torcedor que esperava poder, desde já, notar diferenças entre o que foi a temporada anterior e o time que entrou em campo hoje, mas, ainda assim, um jogo. 

Antes é preciso dar tempo para que Aguirre possa fazer o time jogar ao seu jeito, entender o que ele pretende, o que espera de cada um. Tempo para que possa definir os seus 11 titulares - lembrando daqueles que não estiveram em campo hoje e quem ainda está para chegar, como o caso do volante Anderson, ex Manchester, que deverá ser anunciado nesta segunda-feira. Tempo não cabe em apenas um jogo, o primeiro, menos ainda.

terça-feira, janeiro 06, 2015

Avante!!! #SQN

Presidente do Grêmio inicia movimento pela volta do mata-mata no Brasileirão. Foto:Divulgação/Grêmio

"O pessoal quer um negócio novo. O cenário atual é complicado demais. É briga apenas por vaguinha na Libertadores, na Sul-Americana, para não cair. Não tem nem de longe a mesma emoção do mata-mata (...) Dá muito mais emoção, audiência e equilíbrio técnico no campeonato. Hoje, um clube dispara, fica ali no seu pedacinho na ponta e acabou tudo. O mata-mata estimula o torcedor e gera mais receita.", Romildo Bozan Junior, presidente do Grêmio.

A 'inovação' a que propõe o recém-eleito mandatário do Imortal, que já ganhou o apoio publico de outros dirigentes como o presidente do Santos, Modesto Roma Junior, e da federação baiana, Ednaldo Rodrigues, é um misto de falsas boas intenções. Afaga os corações de fanáticos que se apegam a tradição de 'time de decisão', ajuda a esconder tapete abaixo a incompetência daqueles de desconhecem o significado da palavra planejamento e, principalmente, agrada a quem paga pelos direitos de transmissão do campeonato.

Mascara, no entanto, a realidade.

Ora, se o problema é renda, publico e audiência, onde foi parar a astúcia dos nossos competentes e 'inovadores' dirigentes que ainda não acabaram com os campeonatos estaduais?

As copas do Nordeste e Verde, certames disputados no sistema mata-mata, apontam a olho nú serem estas saídas para os insossos campeonatos de inicio de temporada que tomam quase um semestre do calendário, mesmo tendo níveis técnicos deploráveis, times semiamadores e campos de dar inveja até na várzea.

E a altivez por brigar por melhorias nas verbas recebidas quando se disputa a Libertadores, o principal certame continental que não rende aos clubes um terço sequer do que se arrecada na Liga dos Campeões da Europa?

Por falar em calendário, não deveria ser este o motivo de preocupação e 'inovação' dos nobres dirigentes do futebol brasileiro?

Pense rápido: se joga a Seleção no mesmo dia de rodada do principal produto do futebol do país, é culpa do regulamento ou de quem o organiza? Se a média de publico cai é culpa do regulamento ou de outros fatores como: violência nos estádios, elevação do preço de ingressos, estacionamento, alimentação? Se dar menos audiência é por culpa do regulamento ou do espetáculo e seus atrativos?

Um pouco dos dois, você pode se levar a pensar se não prestar atenção nos detalhes. 

Então, tomemos como exemplo o Grêmio, de seu 'inovador' mandatário. Após a mudança do regulamento, em 2003, quando passou a vigorar os pontos corridos, as 'brigas por vaguinhas' foi o que de melhor fez o Grêmio, que chegou a sucumbiu a série B nesse tempo. A ultima vez que foi campeão nacional, em 1996, o modelo de disputa do Brasileirão era o 'inovador' mata-mata, o que torna o argumento de seu presidente quase consistente, exceto por: desde que fora campeão, houve outras seis edições do campeonato no mesmo formato, nenhuma delas vencida pelo tricolor gaúcho.

Recebendo da TV o mesmo que o Grêmio, Cruzeiro ganhou 3 títulos desde o inicio dos pontos corridos no Brasileirão. Foto: Divulgação/Cruzeiro

Mais, naquele tempo já havia diferença de receita paga a clubes do eixo Rio-SP em detrimento dos demais. Diferença que permaneceu após de 2003 - e só vem aumentando, tempo em que o Cruzeiro, que recebe da TV o mesmo montante que o Grêmio, foi campeão brasileiro por 3 vezes. Cruzeiro que não tem estádio próprio como o Imortal e já soma quase o mesmo número de sócios torcedores mesmo tendo dado inicio a seu programa de associados, anos mais tarde que o tricolor gaúcho. Cruzeiro que teve a maior média de publico, maior renda anual e maior índice de audiência na TV's aberta e fechada em 2014, quando conquistou pelo segundo ano consecutivo o Brasileirão.

Não deveria se debruçar nesses poréns - o por que seu time não seguiu os mesmos passos - o mandatário gremista?

Os pontos corridos garantem a atividade dos clubes por toda a temporada e beneficia quem se planeja. Deveria ser por isso as reuniões e lutas de nossos ‘inovadores’ dirigentes além de outros aspectos a criação da liga de clubes chutando para escanteio aqueles que se beneficiam e nada fazem pelo futebol nacional, caso das federações e CBF, a redivisão dos direitos de televisão, e adequações propostas pelo Bom Senso FC, como o fair play financeiro e fomento de campeonatos nos Estados - que deem vagas a ligas regionais e Copa do Brasil, por exemplo - que permitam a times pequenos não se desfazerem ao quarto mês do ano, deixando uma infinidade de atletas sem atividade e sem ganhos.

Mata-mata? Que essa seja como uma daquelas promessas de ano novo que se esvaem logo antes do Carnaval.

domingo, dezembro 14, 2014

O vôlei do Brasil precisa resgatar o vôlei no Brasil

Jogadores de Sesi e Sada/Cruzeiro protestaram contra irregularidades na CBV, apontadas pela CGU, em jogo da Superliga. Foto: Divulgação/Sesi
Nariz de palhaço. Erro forçado de saque. Um final de semana atípico no vôlei tupiniquim em que a quadra foi palco de protesto.

O motivo é um relatório da Controladoria Geral da União (CGU) que aponta irregularidades em contratos da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) que ultrapassam a casa dos R$ 30 milhões. 

De acordo com a CGU, ao menos 13 contratos que incluíam recursos federais, no período entre 2010 e 2013 foram fraudados beneficiando diretamente dirigentes, ex dirigentes e parentes de pessoas ligadas a CBV.

A auditoria realizada após denuncias feitas pelo jornalista Lúcio de Castro na ESPN Brasil, apontam que até o repasse para premiação de atletas e comissões técnicas foram desviados, enquanto constatou-se "um aumento de despesas administrativas e operacionais em percentuais muito maiores que os índices inflacionários do período".

Diante do panorama, o Banco do Brasil, principal patrocinador do vôlei no país, suspendeu o patrocínio a modalidade por tempo indeterminado.

Para voltar (?) aos trilhos a auditoria da CGU prevê, entre outras coisas, a criação de um "comitê composto por representantes da comunidade do vôlei, incluindo atletas, comissão técnica e mídia especializada" que possa auxiliar "na tomada de decisões de longo prazo e na elaboração do planejamento estratégico e dos planos anuais da entidade, bem como na avaliação da contratação de serviços e produtos" que possa dar mais transparência as ações CBV e evitar a ocorrência de novas irregularidades como as apontadas.

Em nota, a Confederação negou parte das irregularidades, justificou outros pontos e afirmou já estar adotando medidas como propostas pela Controladoria que visam a 'melhoraria do voleibol brasileiro'.

As atitudes da entidade nos últimos anos contrastam o que se diz.

Calendário, regulamentos, horários de jogos e dinheiro repassados aos clubes são alguns dos problemas existentes entre clubes e a Confederação. 

Sets com 21 pontos, decisão do campeonato em jogo único, partidas iniciadas após as 22h, como uma outra partida por se jogar em menos de vinte e quatro horas Mesmo diante da reclamação de jogadores e técnicos, a CBV sempre tomou decisões de acordo com os interesses da televisão a quem seu ex presidente nunca cansou de dizer 'é quem pagava seu salário'.

Uma verdade que não se aplica aos clubes. O dinheiro pago pelos direitos de transmissão da modalidade - cada vez mais incomum na TV aberta - são negociados pela Confederação que repassa parte do bolo aos times, mas fica com a maior parte.

O retorno com bilheteria praticamente não existe.

Para se manter, um time tem de buscar um patrocinador que possa bancar o projeto 'temporada'. O problema se dá quando estes investidores não obtêm o retorno e exposição esperada, culminando no fim dos patrocínios e, também, na extinção dos times, fazendo com que, a cada ano, a Superliga tenha um número diferente de equipes e jogadores tenham futuros incertos.

São situações como essa que expõem a diferença entre o vôlei do Brasil, campeão olímpico e mundial nas quadras e areia, e o vôlei no Brasil, mal gerido e organizado, como costuma dizer Bebeto de Freitas.

Uma alternativa viável seria a criação de uma liga independente, como se cogitou outrora. Uma entidade que possa ser gerida por um conselho formado por profissionais especializados em gestão do esporte e marketing, mas também e, obviamente, representantes de clubes e jogadores ex-jogadores.

Caberia a esta liga organizar as competições, negociar contratos para transmissões televisivas e dividir, igualmente, as cotas de transmissão para manter a competitividade dos torneios e manutenção das equipes, como faz a MLS. 

Outra função seria a de buscar parceiros e patrocinadores que possam fomentar a difusão e divulgação constante da modalidade como faz, por exemplo, o UFC com o vale-tudo, podendo assim, manter a fidelidade daqueles que já acompanham o vôlei e, ao mesmo tempo, atingindo novos públicos.

A CBV caberia, exclusivamente, a gestão das seleções da base a idade adulta.

São louváveis as vozes que se levantaram em protesto. Para resgatar o vôlei no Brasil é preciso mais. É necessário que jogadores, ex jogadores e técnicos, encabeçados por líderes como Bernardinho, Murilo, José Roberto Guimarães, Sheilla, Jacqueline, Larissa e Talita, Ricardo e Emanuel, Ana Moser, se unam para buscar melhorias para a classe e que os clubes os apoiem, deixando de lado a omissão comumente adotada perante os desmandos da CBV, visando crescimento da modalidade e de si próprios.

A poeira já foi sacudida. É hora de dar a volta por cima!

terça-feira, dezembro 02, 2014

Quem será?

Cogitado pelo Corinthians, Abel Braga tem um pé dentro e outro fora do Inter. Foto: Divulgação/SC Internacional.

Em cinco dias se encerra a temporada do futebol tupiniquim. A próxima, no entanto, já começou, ao menos, nos bastidores: quem fica? Quem sai? Quem chega?

Quem treinará o Internacional em 2015?

No sábado pós vitória sobre o Palmeiras que lhe garantiu uma vaga na Libertadores do ano que vem, Abel Braga disse já ter seu futuro definido. O anuncio, no entanto, só se dará quando se encerrar a peleja contra o Figueirense no próximo sábado.

Nos bastidores - de ambas as chapas que disputarão o segundo turno da eleição presidencial em 13 de dezembro - sua saída é dada como certa. Seria uma decisão acertada?

Os números dizem que não. Em 67 jogos disputados no ano o Inter venceu 39, empatou 11 e perdeu 17 vezes.

A decepção vem quando se analisa os resultados. Apesar do título gaúcho, o Inter não disputou, realmente, nenhum outro caneco na temporada, mesmo ficando 27 das 37 rodadas já jogadas no Brasileirão entre os 4 melhores, duas das quais em 1º e outras quatro na vice-liderança.

Faça um exercício reflexivo: o Inter tem time pior que os semifinalistas da Copa do Brasil, Flamengo e Santos? Mesmo assim, foi melancolicamente eliminado na Copa do Brasil, ao perder duas para o Ceará e cairia também, sem seguida, Sul-Americana, diante do Bahia.

O futebol jogado pelo Colorado também não é muito animador. Apesar de ter um meio de campo qualificado ofensivamente, no restante o Inter é um time mediano para bom.

Um time sem atacantes, de qualidade, que teve de recorrer, uma vez, mais a Nilmar, mesmo este estando sem ritmo para jogar e ajudar, de fato, o time. 

Meus Deus, o Inter não tem um único atacante na categoria de base melhor que Rafael Moura ou Welington Paulista? Nem se pede muito...

O futebol tacanho, que apostava nos chutões, no achar um gol e administrar o placar. As mesmas alterações sempre, mesmo diante de panoramas que pediam outras escolhas.

Tite e Mano Mezenes são os nomes mais comentados quando o assunto é o substituto de Abel no Colorado.

O primeiro, apesar dos bons resultados recentes no Corinthians, pode esbarrar, no entanto, em duas circunstancias: o alto salário e a relação com D'Alessandro, principal referencia do time que renovou contrato com clube a pouco mais de um mês.

O segundo tem contra si, ele próprio. A retranca, os insucessos seguidos na seleção, Flamengo e Corinthians, além da ligação com Grêmio, que treinara outrora.

Se o Inter planeja um ano diferente, seriam estes os nomes certos? Afinal, futebol burocrático combina tanto com Tite e Mano, quanto com Abel.

O mercado, por outro lado, não oferece muitas opções, uma vez que Marcelo Oliveira, Levir Culpi e Muricy Ramalho, que digerem hoje os times que melhor jogam no país, devem permanecer em seus postos.

A nova geração também não empolga, vide os caminhos que tomaram, por exemplo, Vagner Mancini, Dorival Junior, Ney Franco e Enderson Moreira - este ultimo em referencia ao trabalho no Grêmio, principalmente.

A aposta em um técnico estrangeiro, ao menos que se tem conhecimento, não se cogita , devidos as ultimas experiências.

Então, quem será o técnico do Inter no ano que vem? 

O blogueiro, tivesse este poder, apostaria em Cristovão Borges, hoje no Fluminense.

- O que? Mas o time que ele dirige nem vai a Libertadores. E a goleada para a Chapecoense em casa?

Pulemos a goleada para linguiça atômica catarinense - de propósito - e lidaremos apenas com futebol. O Fred da Copa e o atual artilheiro do Brasileirão, você acha mesmo que não há ali um trabalho do treinador?

Além disso, há questões extracampo no tricolor das laranjeiras que influíram diretamente nas quatro linhas, como salários atrasados e pressão, seguida de violência, da 'torcida'. Não custa lembrar, também, que o Fluminense têm praticamente o mesmo time que foi rebaixado em campo na temporada passada. Diferentemente, no entanto, do ano passado, o tricolor joga, derrapa por vezes, mas joga e joga pra frente, tem até jogadas ensaiadas.

Essa sinuca de bico que parece ser a definição de um novo técnico colorado, pode terminar na manutenção de Abel Braga no cargo, alicerçado no discurso comum de que ele é o técnico que classificou o time para a Libertadores, além de ter ligação e ser um exímio conhecedor do clube. 

Um erro de avaliação ao se considerar o que se planejou para o ano e o que se conquistou na prática, como se expôs anteriormente, mas se ocorrer, que seja um novo Abel o técnico do Inter e não este que encerra a temporada no próximo sábado. 

Que seja um Abel capaz de dar padrão de jogo ao time, capaz de alterar um jogador e fazer mudar a história da partida. Um técnico que possa construir uma equipe que faça o torcedor colorado comemorar títulos e não se contentar com um vaga - mesmo que esse tenha sido o melhor dos seus resultados em 2 anos.

quinta-feira, novembro 27, 2014

Merecer e ser campeão

Diante de 39.786 torcedores no Mineirão , dos quais somente 1800 alvinegros, Atlético/MG faturou Copa do Brasil diante do maior rival. Foto: Divulgação/Atlético/MG

O Cruzeiro tinha uma chance: jogar.

O Cruzeiro teve uma chance: com Ricardo Goulart, ainda no primeiro tempo, na unica vez que a defesa atleticana marcou bobeira.

O condicionamento físico, o não 'entrar' nas partidas, as escolhas, as mudanças, quem não apareceu para o jogo. 

O Cruzeiro não fez por onde ganhar. Mais que isso: o adversário, o Atlético/MG, não se permitiu ser derrotado.

Adiantou a marcação e provocara uma lacuna entre o meio campo e o ataque celeste. O poderio ofensivo explorou inteligentemente a fragilidade do lado direito celeste formado por Ceará e Léo, mas que fazia rodar o jogo até a direita de seu ataque até a bola estar na cabeça de Tardelli e encontrar a rede.

E isso depois de perder, ao menos 3 chances claras de gol, duas num mesmo lance com Maicossuel que substituiu Luan, machucado, injustamente não eleito melhor jogador do certame - título que ficou com Tardelli - e Dátolo.

Não nos iludamos: não há perfeição. 

O Atlético dava espaço pelo lado direito de sua defesa, setor por onde o time celeste explorou mal as possibilidades. Foi pior que o Cruzeiro em um quesito por 28 minutos na etapa inicial: teve menor posse de bola, mas maior volume de jogo.

Também não há título que se constrói em um jogo apenas. No caso, específico, nem em dois.

Há um trajetória por trás do todo, que vai além das viradas improváveis e, ao mesmo tempo, espetaculares sobre Corinthians e Flamengo. E começa com a chegada de Levir Culpi.

Levir que se colocou a disposição do alvinegro quando Cuca fora demitido ainda no fatídico Mundial da temporada passada. Alexandre Kalil preferiu Paulo Autuori. 

Ganhou um time sem padrão tático, sem espirito de luta. Um amontoado de jogadores - praticamente os mesmos da atual formação - a mercê da sorte e das falhas dos adversários. 

Perdeu o título estadual e definhava na Libertadores quando Levir chegou para 'arrumar a casa'. A competição continental ficou pelo caminho, como Ronaldinho Gaúcho e mais tarde Jô, Emerson Conceição e André.

O Galo não virou da água para o vinho da noite para o dia. Levir chegou até a ser questionado. Mas o resultado apareceria. 

A recuperação no Brasileirão, apesar de não ter chance de título, o triunfo na Recopa, a aposta na base - filme repetido, e tão eficiente quanto outrora - o encaixe do time de toque de bola, de velocidade, de ataque.

Não era uma mero acaso a latente superioridade sobre o maior rival na final da Copa do Brasil nos 180 minutos - nos 45 finais com um o pé um pouco no freio, tão pouco o título construído aos poucos.

Tão clichê no futebol quanto 'jogo de tempos distintos', 'quem não faz leva' é dizer que quem venceu um campeonato mereceu o resultado. No caso do inédito triunfo atleticano, é o mais verdadeiro dos fatos.

Em tempo: ao Cruzeiro também não cabe a lamúria. Apesar do resultado adverso, a temporada foi positiva, coroada com a conquista do Brasileirão. Conquista esta, que sua torcida soube valorizar mesmo diante da derrota de ontem, numa surpreendente manifestação de apoio pós jogo. Por ora, planejar o futuro é o mais importante.

segunda-feira, novembro 24, 2014

Marido traído

Em 11º lugar, alvinegro praiano procura entender onde foi parar o sonho da Libertadores. Foto: Divulgação/Santos FC 

Alterar. Modificar. Substituir. Alterar. Transformar. Assim se definir mudar no dicionário brasileiro.

A controvérsia atende pelo nome de Santos Futebol Clube. 

O time praiano trocou ao final do primeiro turno Osvaldo de Oliveira por Enderson Moreira.

O motivo seria o aproveitamento do primeiro no Brasileirão: 11º lugar com 42,6% de aproveitamento e apenas 2 vitórias foram de casa. 

Não bastasse, Osvaldo mostrava desgaste com a torcida santista ao insistir na escalação de Leandro Damião que, apesar do custo em torno dos 42 milhões de reais, não justificou o investimento tendo marcado apenas sete gols em oito meses.

Enderson Moreira que deixara o Grêmio à pouco, após campanhas muito ruins tanto no campeonato Gaúcho quanto na Libertadores, assumiria a terceira melhor defesa do campeonato com o objeto de fazer funcionar também o setor ofensivo.

A salvação, uma vez mais, atenderia pelo nome e pelo passado distante de Robinho. Doce e ingênua ilusão.

Logo de inicio, em oito jogos, o Santos venceria cinco vezes, dois empates e três derrotas. Sessenta e sete por cento de aproveitamento no inicio do returno superando, inclusive, o time que mais tarde seria campeão do certame em questão, o Cruzeiro.

A qualidade técnica que faltava ao pobre elenco santista desde o inicio do ano - o time havia perdido o Paulistão para o Ituano - era, até então, mascarada pelos números.

Mas Enderson erraria tanto quanto Osvaldo. 

Ainda que em menor escala, o treinador insistiria com Damião. Tentaria Thiago Ribeiro, quando permitido pelo departamento médico, preterindo por vezes aquele que apresentava aproveitamento melhor: Gabigol.

Enderson insistiria com Cicinho na lateral mesmo após testar Victor Ferraz. Será que não observara que este foi melhor que aquele?

Alias, o técnico promoveria a volta de Edu Dracena ao time e o manteria mesmo a média de gols sofridos tendo aumentado desde sua volta - quando se analisa todos os jogos do time e não apenas no Brasileirão, em que o Santos se mantém como terceira maior defesa da competição.

Alias, fora tudo que Enderson conseguira desde sua chegada, manter o alvinegro praiano como uma das melhores defesas do Brasileirão. Passadas 16 rodadas o Santos é 11º com aproveitamento de 41,2%  no returno.

Não se iluda torcedor santista. Não se faz crucificar Enderson, tão pouco defender Osvaldo. Apenas se alerta para o obvio: o problema do Santos não se limita quem escala.

Vejamos os fatos: um bom time começa por um bom goleiro diz o dito popular. Como explicar o fato de o alvinegro praiano ter em sua meta apenas um bom espalmador e sendo seu reserva alguém técnica inferior.

Se você assiste ao campeonato da Itália entenderá fácil que a contratação de Robinho não se justificaria. Ele vem mal faz tempo, mesmo num futebol decadente como o da velha bota. O dinheiro gasto em sua contratação poderia servir para se trazer dois ou três jogadores que de fato acrescentassem ao time.

Por falar em dinheiro como se desperdiçar tanto quando se chega a dever até 2 meses de salário, ter seu estádio penhorado e precisar antecipar cotas de televisão - o que não ocorria desde 2009?

Nem tudo está perdido no entanto: Victor Ferraz, Cajú, Lucas Lima, Gabigol e mesmo Geuvânio podem render bons frutos, mas ainda precisam amadurecer e ter bons espelhos ao redor os ajudará a ajudar o time.

É ao analisar pontos como estes que se conclui o inevitável: a Libertadores era mesmo uma ilusão. O Santos era mesmo um time de meio de tabela. O simples fato de ser ameaçado em nenhum momento pelo rebaixamento já uma grande vitória. É aí também que mora o perigo: como pode o Santos como a grandeza que tem se contentar com tão pouco?

Em poucos dias o clube passará por uma eleição. Fica a expectativa para que haja mudança e não uma mera troca de sofá como faz aquele marido traído que não quer enxergar o que ocorre a sua frente, o que fez o Santos quando trocou Osvaldo por Enderson.