segunda-feira, agosto 31, 2015

O fantástico mundo de Gilvan

Em coletiva, presidente do Cruzeiro diz não saber onde errou para que time estivesse na situação em que se encontra, próximo da zona de rebaixamento do Brasileirão. Foto: Washington Alves/Divulgação Cruzeiro

"Onde que a diretoria errou?"

Assim como o jovem Bobby, personagem principal do desenho animado "O fantástico mundo de Bobby", que fantasiava um mundo a parte de sua realidade a bordo de um triciclo, o presidente do Cruzeiro parece enxergar mundo a parte quando analisa o próprio trabalho a frente do do clube celeste, em especial nesta temporada.

A entrevista coletiva que culminou com anuncio de mudanças no futebol do clube no final da tarde desta segunda-feira não deixam dúvidas disso. 

Gilvan culpou a torcida, a imprensa e o mercado pelo momento do clube, 16º colocado do campeonato Brasileiro, uma posição acima da zona de rebaixamento da competição. Só não reconheceu os próprios erros, nem mesmo quando anunciava a saída de Vanderlei Luxemburgo, o segundo técnico por ele demitido no ano, quando explicava que, apesar de achar que não era o momento para demissão do treinador, de pior campanha nos últimos 10 anos no Cruzeiro, cedia a pressão da torcida e parte da imprensa.

Luxemburgo deixa o clube menos de 3 meses após sua chegada. Junto com o técnico também sai o diretor de futebol, Isais Tinoco, que havia chegado a 38 dias, contratado que foi para planejar o ano de 2016 do clube, após o Cruzeiro ficar por 7 meses sem um titular no cargo desde a ida de Alexandre Mattos para o Palmeiras.

Em seguida anunciou que Bruno Vicintin assumirá a vice presidência de futebol do clube, mas já adiantou que o ex funcionário da base do clube, não poderá estar a disposição em tempo integral, devido a uma atividade paralela.

Ora, nestas 3 ações Gilvan já responderia a si próprio.

Mas os 'erros' que levaram o Cruzeiro a situação em que se encontra começaram ainda no passado quando o clube manteve em seu quadro, por um mês, um diretor de futebol já comprometido com outro clube, num momento em que todos os demais já se incumbiam de planejar a temporada seguinte.

Pior, o clube ficou por sete meses sem alguém especifico para exercer a função que acabou dividida entre o proprio presidente, Benicy Queiroz e Valdir Barbosa e, por vezes, criou ruídos por ter 'muita gente' a frente da tomada de decisões sem fazê-la de fato, como quando 'anunciou' jogadores que nunca chegaram como Robinho, Valdívia e Cícero, por exemplo.

O desmanche do time, é  nesse ponto que a lucidez parece retornar ao presidente do Cruzeiro. Gilvan, de fato, não tinha poder para manter o elenco que acabara de ganhar, pela segunda vez, o titulo do Brasileirão, uma vez que os jogadores não pertenciam apenas ao clube que, em sua maioria, tinha a menor porcentagem nos direitos econômicos desses.

A saída de Goulart, Everton Ribeiro, Lucas Silva, Egídio e cia não podem ser postas na conta do presidente, mas a 'barca' por ele contratada sim. E, pior, a demissão de Marcelo Oliveira, sem o tempo suficiente para trabalhar o time que ainda se montava, é culpa de quem se não da diretoria por ele encabeçada?

Verdade seja dita, quando Marcelo caiu, havia contra si rejeição por parte da torcida celeste. Mas não é obrigação da diretoria filtrar essa pressão e analisar o que foi feito e o que poderia ser feito, especialmente, após o treinador não poder aproveitar o tempo de pré-temporada para trabalhar e formatar um time que se desmanchava com o tempo?

Era, mas não foi o que ocorreu.

E quando parecia que nada podia piorar, Gilvan optou por Vanderlei Luxemburgo que, há uma década, não consegue fazer um trabalho minimamente consistente.

Foram nestes pontos que falhara o presidente e sua diretoria e as perspectivas diante do que se fez não falharam: a bola puniu. Após duas temporadas vitoriosas o Cruzeiro claudica. Não encanta. Não brigou por um único título na temporada  (caiu nas semi do Mineiro, nas quartas da Libertadores e nas oitavas da Copa do Brasil) e se vê, após 4 anos, assombrado por um velho fantasma, a zona de rebaixamento do Brasileirão.

E agora, Gilvan?

Desistir? Não, não é disso que precisa o Cruzeiro, nem alguém com a história já construída no clube (é bom que se tenha claro, os erros não apagam o que se fez certo), por mais que tal hesitação seja compreensível diante de um momento de pressão e desrespeito, como já ocorrido, lamentavelmente, contra a pessoa do presidente.

O momento requer uma pitada de autocrítica, de realidade e não de fantasia, transferência de responsabilidade, tão pouco é momento para saudosismo - vide Vanderlei. 

E por saudosismo, o blogueiro se refere a Adilson Batista. Ele é o preferido de parte da torcida, é verdade, a mesma que criticava Luxemburgo e o chamava de ultrapassado pelos fracassos consecutivos, mas que é incapaz de visualizar, com clareza, a trajetória do 'Senhor papa clássico'. Desde que que saiu do Cruzeiro, há 5 anos, Batista coleciona sucessivos tropeços, com tenebrosas passagens por Santos, Corinthians, São Paulo, Figueirense, Joinville, etc.

Quem contratar então? Não sei. Mas Adilson - considerando apenas seus últimos trabalhos e o momento do time, nada pessoal, que fique claro - seria mudar mantendo tudo como está. Um erro, mais um, que o Cruzeiro não pode se dar o direito, novamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário