"Onde que a diretoria errou?"
Assim como o jovem Bobby, personagem principal do desenho animado "O fantástico mundo de Bobby", que fantasiava um mundo a parte de sua realidade a bordo de um triciclo, o presidente do Cruzeiro parece enxergar mundo a parte quando analisa o próprio trabalho a frente do do clube celeste, em especial nesta temporada.
A entrevista coletiva que culminou com anuncio de mudanças no futebol do clube no final da tarde desta segunda-feira não deixam dúvidas disso.
Gilvan culpou a torcida, a imprensa e o mercado pelo momento do clube, 16º colocado do campeonato Brasileiro, uma posição acima da zona de rebaixamento da competição. Só não reconheceu os próprios erros, nem mesmo quando anunciava a saída de Vanderlei Luxemburgo, o segundo técnico por ele demitido no ano, quando explicava que, apesar de achar que não era o momento para demissão do treinador, de pior campanha nos últimos 10 anos no Cruzeiro, cedia a pressão da torcida e parte da imprensa.
Luxemburgo deixa o clube menos de 3 meses após sua chegada. Junto com o técnico também sai o diretor de futebol, Isais Tinoco, que havia chegado a 38 dias, contratado que foi para planejar o ano de 2016 do clube, após o Cruzeiro ficar por 7 meses sem um titular no cargo desde a ida de Alexandre Mattos para o Palmeiras.
Em seguida anunciou que Bruno Vicintin assumirá a vice presidência de futebol do clube, mas já adiantou que o ex funcionário da base do clube, não poderá estar a disposição em tempo integral, devido a uma atividade paralela.
Ora, nestas 3 ações Gilvan já responderia a si próprio.
Mas os 'erros' que levaram o Cruzeiro a situação em que se encontra começaram ainda no passado quando o clube manteve em seu quadro, por um mês, um diretor de futebol já comprometido com outro clube, num momento em que todos os demais já se incumbiam de planejar a temporada seguinte.
Pior, o clube ficou por sete meses sem alguém especifico para exercer a função que acabou dividida entre o proprio presidente, Benicy Queiroz e Valdir Barbosa e, por vezes, criou ruídos por ter 'muita gente' a frente da tomada de decisões sem fazê-la de fato, como quando 'anunciou' jogadores que nunca chegaram como Robinho, Valdívia e Cícero, por exemplo.
O desmanche do time, é nesse ponto que a lucidez parece retornar ao presidente do Cruzeiro. Gilvan, de fato, não tinha poder para manter o elenco que acabara de ganhar, pela segunda vez, o titulo do Brasileirão, uma vez que os jogadores não pertenciam apenas ao clube que, em sua maioria, tinha a menor porcentagem nos direitos econômicos desses.
A saída de Goulart, Everton Ribeiro, Lucas Silva, Egídio e cia não podem ser postas na conta do presidente, mas a 'barca' por ele contratada sim. E, pior, a demissão de Marcelo Oliveira, sem o tempo suficiente para trabalhar o time que ainda se montava, é culpa de quem se não da diretoria por ele encabeçada?
Verdade seja dita, quando Marcelo caiu, havia contra si rejeição por parte da torcida celeste. Mas não é obrigação da diretoria filtrar essa pressão e analisar o que foi feito e o que poderia ser feito, especialmente, após o treinador não poder aproveitar o tempo de pré-temporada para trabalhar e formatar um time que se desmanchava com o tempo?
Era, mas não foi o que ocorreu.
E quando parecia que nada podia piorar, Gilvan optou por Vanderlei Luxemburgo que, há uma década, não consegue fazer um trabalho minimamente consistente.
Foram nestes pontos que falhara o presidente e sua diretoria e as perspectivas diante do que se fez não falharam: a bola puniu. Após duas temporadas vitoriosas o Cruzeiro claudica. Não encanta. Não brigou por um único título na temporada (caiu nas semi do Mineiro, nas quartas da Libertadores e nas oitavas da Copa do Brasil) e se vê, após 4 anos, assombrado por um velho fantasma, a zona de rebaixamento do Brasileirão.
E agora, Gilvan?
Desistir? Não, não é disso que precisa o Cruzeiro, nem alguém com a história já construída no clube (é bom que se tenha claro, os erros não apagam o que se fez certo), por mais que tal hesitação seja compreensível diante de um momento de pressão e desrespeito, como já ocorrido, lamentavelmente, contra a pessoa do presidente.
O momento requer uma pitada de autocrítica, de realidade e não de fantasia, transferência de responsabilidade, tão pouco é momento para saudosismo - vide Vanderlei.
E por saudosismo, o blogueiro se refere a Adilson Batista. Ele é o preferido de parte da torcida, é verdade, a mesma que criticava Luxemburgo e o chamava de ultrapassado pelos fracassos consecutivos, mas que é incapaz de visualizar, com clareza, a trajetória do 'Senhor papa clássico'. Desde que que saiu do Cruzeiro, há 5 anos, Batista coleciona sucessivos tropeços, com tenebrosas passagens por Santos, Corinthians, São Paulo, Figueirense, Joinville, etc.
Quem contratar então? Não sei. Mas Adilson - considerando apenas seus últimos trabalhos e o momento do time, nada pessoal, que fique claro - seria mudar mantendo tudo como está. Um erro, mais um, que o Cruzeiro não pode se dar o direito, novamente.
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