quinta-feira, novembro 27, 2014

Merecer e ser campeão

Diante de 39.786 torcedores no Mineirão , dos quais somente 1800 alvinegros, Atlético/MG faturou Copa do Brasil diante do maior rival. Foto: Divulgação/Atlético/MG

O Cruzeiro tinha uma chance: jogar.

O Cruzeiro teve uma chance: com Ricardo Goulart, ainda no primeiro tempo, na unica vez que a defesa atleticana marcou bobeira.

O condicionamento físico, o não 'entrar' nas partidas, as escolhas, as mudanças, quem não apareceu para o jogo. 

O Cruzeiro não fez por onde ganhar. Mais que isso: o adversário, o Atlético/MG, não se permitiu ser derrotado.

Adiantou a marcação e provocara uma lacuna entre o meio campo e o ataque celeste. O poderio ofensivo explorou inteligentemente a fragilidade do lado direito celeste formado por Ceará e Léo, mas que fazia rodar o jogo até a direita de seu ataque até a bola estar na cabeça de Tardelli e encontrar a rede.

E isso depois de perder, ao menos 3 chances claras de gol, duas num mesmo lance com Maicossuel que substituiu Luan, machucado, injustamente não eleito melhor jogador do certame - título que ficou com Tardelli - e Dátolo.

Não nos iludamos: não há perfeição. 

O Atlético dava espaço pelo lado direito de sua defesa, setor por onde o time celeste explorou mal as possibilidades. Foi pior que o Cruzeiro em um quesito por 28 minutos na etapa inicial: teve menor posse de bola, mas maior volume de jogo.

Também não há título que se constrói em um jogo apenas. No caso, específico, nem em dois.

Há um trajetória por trás do todo, que vai além das viradas improváveis e, ao mesmo tempo, espetaculares sobre Corinthians e Flamengo. E começa com a chegada de Levir Culpi.

Levir que se colocou a disposição do alvinegro quando Cuca fora demitido ainda no fatídico Mundial da temporada passada. Alexandre Kalil preferiu Paulo Autuori. 

Ganhou um time sem padrão tático, sem espirito de luta. Um amontoado de jogadores - praticamente os mesmos da atual formação - a mercê da sorte e das falhas dos adversários. 

Perdeu o título estadual e definhava na Libertadores quando Levir chegou para 'arrumar a casa'. A competição continental ficou pelo caminho, como Ronaldinho Gaúcho e mais tarde Jô, Emerson Conceição e André.

O Galo não virou da água para o vinho da noite para o dia. Levir chegou até a ser questionado. Mas o resultado apareceria. 

A recuperação no Brasileirão, apesar de não ter chance de título, o triunfo na Recopa, a aposta na base - filme repetido, e tão eficiente quanto outrora - o encaixe do time de toque de bola, de velocidade, de ataque.

Não era uma mero acaso a latente superioridade sobre o maior rival na final da Copa do Brasil nos 180 minutos - nos 45 finais com um o pé um pouco no freio, tão pouco o título construído aos poucos.

Tão clichê no futebol quanto 'jogo de tempos distintos', 'quem não faz leva' é dizer que quem venceu um campeonato mereceu o resultado. No caso do inédito triunfo atleticano, é o mais verdadeiro dos fatos.

Em tempo: ao Cruzeiro também não cabe a lamúria. Apesar do resultado adverso, a temporada foi positiva, coroada com a conquista do Brasileirão. Conquista esta, que sua torcida soube valorizar mesmo diante da derrota de ontem, numa surpreendente manifestação de apoio pós jogo. Por ora, planejar o futuro é o mais importante.

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