segunda-feira, novembro 24, 2014

Marido traído

Em 11º lugar, alvinegro praiano procura entender onde foi parar o sonho da Libertadores. Foto: Divulgação/Santos FC 

Alterar. Modificar. Substituir. Alterar. Transformar. Assim se definir mudar no dicionário brasileiro.

A controvérsia atende pelo nome de Santos Futebol Clube. 

O time praiano trocou ao final do primeiro turno Osvaldo de Oliveira por Enderson Moreira.

O motivo seria o aproveitamento do primeiro no Brasileirão: 11º lugar com 42,6% de aproveitamento e apenas 2 vitórias foram de casa. 

Não bastasse, Osvaldo mostrava desgaste com a torcida santista ao insistir na escalação de Leandro Damião que, apesar do custo em torno dos 42 milhões de reais, não justificou o investimento tendo marcado apenas sete gols em oito meses.

Enderson Moreira que deixara o Grêmio à pouco, após campanhas muito ruins tanto no campeonato Gaúcho quanto na Libertadores, assumiria a terceira melhor defesa do campeonato com o objeto de fazer funcionar também o setor ofensivo.

A salvação, uma vez mais, atenderia pelo nome e pelo passado distante de Robinho. Doce e ingênua ilusão.

Logo de inicio, em oito jogos, o Santos venceria cinco vezes, dois empates e três derrotas. Sessenta e sete por cento de aproveitamento no inicio do returno superando, inclusive, o time que mais tarde seria campeão do certame em questão, o Cruzeiro.

A qualidade técnica que faltava ao pobre elenco santista desde o inicio do ano - o time havia perdido o Paulistão para o Ituano - era, até então, mascarada pelos números.

Mas Enderson erraria tanto quanto Osvaldo. 

Ainda que em menor escala, o treinador insistiria com Damião. Tentaria Thiago Ribeiro, quando permitido pelo departamento médico, preterindo por vezes aquele que apresentava aproveitamento melhor: Gabigol.

Enderson insistiria com Cicinho na lateral mesmo após testar Victor Ferraz. Será que não observara que este foi melhor que aquele?

Alias, o técnico promoveria a volta de Edu Dracena ao time e o manteria mesmo a média de gols sofridos tendo aumentado desde sua volta - quando se analisa todos os jogos do time e não apenas no Brasileirão, em que o Santos se mantém como terceira maior defesa da competição.

Alias, fora tudo que Enderson conseguira desde sua chegada, manter o alvinegro praiano como uma das melhores defesas do Brasileirão. Passadas 16 rodadas o Santos é 11º com aproveitamento de 41,2%  no returno.

Não se iluda torcedor santista. Não se faz crucificar Enderson, tão pouco defender Osvaldo. Apenas se alerta para o obvio: o problema do Santos não se limita quem escala.

Vejamos os fatos: um bom time começa por um bom goleiro diz o dito popular. Como explicar o fato de o alvinegro praiano ter em sua meta apenas um bom espalmador e sendo seu reserva alguém técnica inferior.

Se você assiste ao campeonato da Itália entenderá fácil que a contratação de Robinho não se justificaria. Ele vem mal faz tempo, mesmo num futebol decadente como o da velha bota. O dinheiro gasto em sua contratação poderia servir para se trazer dois ou três jogadores que de fato acrescentassem ao time.

Por falar em dinheiro como se desperdiçar tanto quando se chega a dever até 2 meses de salário, ter seu estádio penhorado e precisar antecipar cotas de televisão - o que não ocorria desde 2009?

Nem tudo está perdido no entanto: Victor Ferraz, Cajú, Lucas Lima, Gabigol e mesmo Geuvânio podem render bons frutos, mas ainda precisam amadurecer e ter bons espelhos ao redor os ajudará a ajudar o time.

É ao analisar pontos como estes que se conclui o inevitável: a Libertadores era mesmo uma ilusão. O Santos era mesmo um time de meio de tabela. O simples fato de ser ameaçado em nenhum momento pelo rebaixamento já uma grande vitória. É aí também que mora o perigo: como pode o Santos como a grandeza que tem se contentar com tão pouco?

Em poucos dias o clube passará por uma eleição. Fica a expectativa para que haja mudança e não uma mera troca de sofá como faz aquele marido traído que não quer enxergar o que ocorre a sua frente, o que fez o Santos quando trocou Osvaldo por Enderson.

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