terça-feira, janeiro 06, 2015

Avante!!! #SQN

Presidente do Grêmio inicia movimento pela volta do mata-mata no Brasileirão. Foto:Divulgação/Grêmio

"O pessoal quer um negócio novo. O cenário atual é complicado demais. É briga apenas por vaguinha na Libertadores, na Sul-Americana, para não cair. Não tem nem de longe a mesma emoção do mata-mata (...) Dá muito mais emoção, audiência e equilíbrio técnico no campeonato. Hoje, um clube dispara, fica ali no seu pedacinho na ponta e acabou tudo. O mata-mata estimula o torcedor e gera mais receita.", Romildo Bozan Junior, presidente do Grêmio.

A 'inovação' a que propõe o recém-eleito mandatário do Imortal, que já ganhou o apoio publico de outros dirigentes como o presidente do Santos, Modesto Roma Junior, e da federação baiana, Ednaldo Rodrigues, é um misto de falsas boas intenções. Afaga os corações de fanáticos que se apegam a tradição de 'time de decisão', ajuda a esconder tapete abaixo a incompetência daqueles de desconhecem o significado da palavra planejamento e, principalmente, agrada a quem paga pelos direitos de transmissão do campeonato.

Mascara, no entanto, a realidade.

Ora, se o problema é renda, publico e audiência, onde foi parar a astúcia dos nossos competentes e 'inovadores' dirigentes que ainda não acabaram com os campeonatos estaduais?

As copas do Nordeste e Verde, certames disputados no sistema mata-mata, apontam a olho nú serem estas saídas para os insossos campeonatos de inicio de temporada que tomam quase um semestre do calendário, mesmo tendo níveis técnicos deploráveis, times semiamadores e campos de dar inveja até na várzea.

E a altivez por brigar por melhorias nas verbas recebidas quando se disputa a Libertadores, o principal certame continental que não rende aos clubes um terço sequer do que se arrecada na Liga dos Campeões da Europa?

Por falar em calendário, não deveria ser este o motivo de preocupação e 'inovação' dos nobres dirigentes do futebol brasileiro?

Pense rápido: se joga a Seleção no mesmo dia de rodada do principal produto do futebol do país, é culpa do regulamento ou de quem o organiza? Se a média de publico cai é culpa do regulamento ou de outros fatores como: violência nos estádios, elevação do preço de ingressos, estacionamento, alimentação? Se dar menos audiência é por culpa do regulamento ou do espetáculo e seus atrativos?

Um pouco dos dois, você pode se levar a pensar se não prestar atenção nos detalhes. 

Então, tomemos como exemplo o Grêmio, de seu 'inovador' mandatário. Após a mudança do regulamento, em 2003, quando passou a vigorar os pontos corridos, as 'brigas por vaguinhas' foi o que de melhor fez o Grêmio, que chegou a sucumbiu a série B nesse tempo. A ultima vez que foi campeão nacional, em 1996, o modelo de disputa do Brasileirão era o 'inovador' mata-mata, o que torna o argumento de seu presidente quase consistente, exceto por: desde que fora campeão, houve outras seis edições do campeonato no mesmo formato, nenhuma delas vencida pelo tricolor gaúcho.

Recebendo da TV o mesmo que o Grêmio, Cruzeiro ganhou 3 títulos desde o inicio dos pontos corridos no Brasileirão. Foto: Divulgação/Cruzeiro

Mais, naquele tempo já havia diferença de receita paga a clubes do eixo Rio-SP em detrimento dos demais. Diferença que permaneceu após de 2003 - e só vem aumentando, tempo em que o Cruzeiro, que recebe da TV o mesmo montante que o Grêmio, foi campeão brasileiro por 3 vezes. Cruzeiro que não tem estádio próprio como o Imortal e já soma quase o mesmo número de sócios torcedores mesmo tendo dado inicio a seu programa de associados, anos mais tarde que o tricolor gaúcho. Cruzeiro que teve a maior média de publico, maior renda anual e maior índice de audiência na TV's aberta e fechada em 2014, quando conquistou pelo segundo ano consecutivo o Brasileirão.

Não deveria se debruçar nesses poréns - o por que seu time não seguiu os mesmos passos - o mandatário gremista?

Os pontos corridos garantem a atividade dos clubes por toda a temporada e beneficia quem se planeja. Deveria ser por isso as reuniões e lutas de nossos ‘inovadores’ dirigentes além de outros aspectos a criação da liga de clubes chutando para escanteio aqueles que se beneficiam e nada fazem pelo futebol nacional, caso das federações e CBF, a redivisão dos direitos de televisão, e adequações propostas pelo Bom Senso FC, como o fair play financeiro e fomento de campeonatos nos Estados - que deem vagas a ligas regionais e Copa do Brasil, por exemplo - que permitam a times pequenos não se desfazerem ao quarto mês do ano, deixando uma infinidade de atletas sem atividade e sem ganhos.

Mata-mata? Que essa seja como uma daquelas promessas de ano novo que se esvaem logo antes do Carnaval.

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